sábado, 29 de janeiro de 2011

O RIO SÃO FRANCISCO: E A QUESTÃO DA TRANSPOSIÇÃO (Simpósio Nacional de Geografia Viçosa MG)

EIXO TEMÁTICO 3: GESTÃO DE BACIAS HIDROGRÁFICAS E AS DINÂMICAS HIDROLÓGICAS.

ANDERSON DE MENDONÇA / PROFESSOR UPE/
andermend@bol.com.br
GELZA ARAUJO LACERDA / UPE/
gelzageografa@hotmail.com
MIREULA SORAIA ALVES SOUZA / UPE/
mireula.soraia@hotmail.com
SAMARA DE SOUZA SILVA / UPE/
samarinha_silva18@hotmail.com
VAGNER DA CUNHA LIMA / UPE /
vagnercl@hotmail.com

1.O RIO SÃO FRANCISCO: E A QUESTÃO DA TRANSPOSIÇÃO














O Rio São Francisco estende-se por aproximadamente 2.700 quilômetros, entre a nascente, que fica localizada na Serra da Canastra, no município Mineiro de São Roque de Minas, e a foz, situada entre os estados de Alagoas e Sergipe, nas proximidades da cidade Alagoana de Piaçabuçu.
O Rio tem um papel importantíssimo para o desenvolvimento humano das populações ao longo do seu
curso, banhando municípios significativos para o País como: os do estado de MinasGerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Alem do que, o Rio constitui a terceira bacia hidrográfica do Brasil. Por isso, que esse manancial é um fator natural para desenvolvimento sustentável e climático, responsável pela qualidade de vida de todos os ribeirinhos que fazem parte dessa riqueza natural.

O São Francisco, como um Rio de grande porte possui 36 afluentes, sendo que desses apenas 19 são
perenes. Os principais são os das margens: direita, os Rios: das Velhas, Jequitaí e Verde Grande, constituídos por águas claras por serem oriundos de terrenos cristalinos. E os da margem esquerda, os Rios Paracatu, Urucuia, Cariranha, Corrente e Grande, estes vindos de terrenos sedimentares são mais barrentos.
Mesmo diante de tanta riqueza, o Rio está passando por um momento de “ATENÇÃO” os governantes
chegaram à conclusão de que lugares necessitam das águas do Velho Chico, lugares esses, que ribeirinhos vivem em condições de plena escassez de água. Junto com essa preocupação dos governantes em desenvolver o Projeto de Transposição, fica a pergunta: Será que essas águas irão realmente ajudar os ribeirinhos? Que em questão são os do estado da Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará.



O projeto traz muitas discordâncias entre técnicos, ambientalistas e a própria população ribeirinha. Alguns chegam a afirmar que o rio não dura mais de 50 anos. Há aqueles que não apóiam a transposição por achar que a mesma só beneficiará o agronegócio nas regiões de destino dos canais, aumentando assim, as desigualdades sociais já absurdas no nordeste brasileiro. E há os que pensam exatamente o contrário.
Além de toda essa desconfiança, as comunidades ribeirinhas já não sabem em quem acreditar. Devido à grande quantidade de informações técnicas que são lançadas na mídia, ora a favor, ora contra a transposição. Essa confusão acabou por disseminar ideais equivocadas, como a de que o rio poderia secar após a transposição, o que não é verdade, já que técnicos e estudiosos do assunto, tanto contra quanto a favor, são unânimes em desmentir essa afirmação. Outros estão crentes que o projeto só é viável mediante interligação com bacias da região centro-oeste. O que também não é verdade, tendo em vista que estudos revelam que o rio possui vazão suficiente para o projeto. Com uma ressalva apenas
para a diminuição da capacidade de geração de energia das hidrelétricas, esse é um dos poucos impactos matematicamente comprovados para as regiões doadoras de águas. Porém, essas informações parecem não chegar a todas as comunidades envolvidas.



Por esses motivos as populações acabam por ficar sem saber tomar um posicionamento consciente. Considerando e respeitando todos os pontos de vista, podemos dizer que num ponto todos concordam, o rio precisa urgentemente de uma revitalização, que não acontecerá de um dia para o outro. A revitalização aparece então como remédio para viabilizar o projeto, fazendo com que parte da população, que outrora era contra, agora se mostre a favor, desde que seja feita a recuperação das matas ciliares e até uma interligação entre bacias. Todos também concordam que o rio promove desenvolvimento por todas as cidades por onde passa. Porque água em abundância promove vida abundante. E é claro, que em todos esses lugares o rio é utilizado em menor ou maior escala pela agricultura de subsistência e no agronegócio.
Analisemos a situação das cidades de Juazeiro e Petrolina, com seus projetos de irrigação exportando frutas para o mundo, transformando a região num pólo universitário com várias faculdades estadual, federal e particular, bem como cursos técnicos profissionalizantes. Essa situação mantém o comércio aquecido, e essas cidades não param de atrair investimentos para região, gerando cada vez mais empregos. Agora, se pensarmos no que seria dessa região sem o Velho Chico? Certamente Juazeiro seria mais uma cidadezinha pacata e subdesenvolvida do interior da Bahia, juntamente com Petrolina.
Porém, se perguntarmos a um ribeirinho assalariado quanto “dinheiro” ele ganha com o rio, ele possivelmente responderá, “nada”, o que não é verdade, todos dependem do rio, tanto o empresário do agronegócio quanto o do ramo de confecções, bem como, o assalariado. Essa falta de entendimento causa uma confusão na opinião das comunidades ribeirinhas, fazendo com que estas não reconheçam seu real papel no contexto.

Considerando que as águas do rio, ao chegar ao nordeste setentrional e seco promoverão desenvolvimento e geração de empregos, fazendo com que aquelas pessoas que lá moram não precisem sair de suas regiões nem abandonar suas terras para vir morar nas periferias e favelas de cidades industrializadas, diminuindo dessa forma a oferta de mão de obra desqualificada nessas regiões, esse fenômeno pode valorizar o trabalhador os locais de ambas as áreas melhorando sua qualidade de vida. Isso faz pensar, se não vale à pena lutar por uma transposição que seja capaz, não só de levar água para matar a sede de pessoas e animais, mas também de promover desenvolvimento social fortalecendo e aumentando os laços entre essas regiões. Cumprindo, assim, com aquela que parece ser a vocação do Rio da Integração. O Nordeste brasileiro esperou séculos por este momento. E
não parece justo deixar de atender a essa aspiração pelo fato de termos degradado as margens e comprometido à saúde do rio. Os nossos irmãos do norte devem esperar por mais quanto tempo? O fato de o rio está necessitando urgentemente de uma revitalização é de inteira responsabilidade das comunidades que hoje são banhadas pelas suas águas. Nossos irmãos do nordeste setentrional não devem pagar pelos erros de outros nem com recursos financeiros já parcos por lá, muito menos com a espera de mais algumas décadas.

REFERÊNCIAS

1. AGUAVALE. Nascente do Rio São Francisco – MG. 2004. 1 fotografia. color.

2. Bacia do São Francisco. 1 gravura. color.

3. AGUAVALE. Represa Três Marias – MG. 2004. 1 fotografia. color.

4. AGUAVALE. Ribeirinha. 2004. 1 fotografia. color.

5. AGUAVALE. Fruticultura Irrigada de Petrolina – PE. 2004. 1 fotografia. color.

6. BRASIL. Ministério do Meio Ambiente/Secretaria de Recursos Hídricos. Atlas das áreas suscetíveis à desertificação do Brasil. Brasília: MMA 2007.

7. CINFRON. R. Rio Pede Revitalização desde 1990. Aracaju, 14 de Maio de 2001.

8. NACIONAL. M.I.: São Francisco Sustentável. In; Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Março de 2008.


PUBLICADO EM: www.geo.ufv.br/simposio/simposio/trabalhos/resumos.../006.pdf

Um comentário:

  1. Artigo postado, conhecimento dividido é conhecimento multiplicado!
    bjus!!! leiam e deixem sua opinião!

    ResponderExcluir

Obrigada por dividir seu conhecimento conosco!

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