TRANSPOSIÇÃO OU PROJETO DE CANALIZAÇÃO?
Daianna Pereira Silva;
Diogo Lopes Lima;
Vagner da Cunha Lima
RESUMO:
O termo transposição que está sendo utilizado, em tudo que se refere ao projeto de levar
água do rio São Francisco, até cidades que sofrem por falta de água. Esse projeto vem sendo muito discutido e gerador de polêmica. Com isso a população tenta entender como irá acontecer esta doação das águas para outros estados vizinhos do Vale do São Francisco. Há pessoas que tem sua opinião formada sendo contra ou a favor do projeto. Não se pode ter a certeza de que uma vez tomada à decisão de se utilizar água do rio São Francisco, que essa água chegue aos que habitam os limites do semi-árido , no dia seguinte. Pois, o processo é mais complexo do que se imagina é um projeto que vem sendo discutido desde a colonização do Brasil, com Dom Pedro I que já tinha em mente, levar água do são Francisco para outras localidades necessitadas. A questão do projeto de canalização, canalização por se tratar de levar água para outras localidades e não de tirar como induz o nome transposição. É uma questão a ser resolvida a médio e longo prazo, pois, o rio passa por um momento crítico de total atenção e cuidados, o mesmo precisa urgentemente de um projeto de revitalização. Para depois se pensar em fazer algo com suas águas. O rio sofre a cada dia, e aumentam os bancos de areia assoreando o Velho Chico, dificultando até as navegações. Existe ainda outra problemática que afeta o rio, que são os dejetos urbanos, depositados nas já escassas águas ribeirinhas. Desse modo, retirar do médio São Francisco 127 m³ de água/ segundo de sua vazão pensando em beneficiar 278 municípios e irrigar
160.000 hectares no semi-árido nordestino, seria o mesmo que transfundir sangue, tendo como doador um doente em profundo estado de anemia. Com essa analogia que nos preocupa bastante, esse
despropósito ensejaria transformar o São Francisco em um verdadeiro TIETÊ. Portanto, que seja feita a revitalização, para que as futuras gerações possam desfrutar da grandeza das águas, sabendo respeitar e preservar esse patrimônio que diz respeito a todos. Pois, água é vida.
Palavras-chave: transposição,canalização, revitalização, semi-árido.
1- O RIO SÃO FRANCISCO
O rio São Francisco estende-se por aproximadamente 2.700 quilômetros, entre a nascente, localizada na Serra da Canastra, no Município mineiro de São Roque de Minas, e a foz, situada entre os estados de Alagoas e Sergipe, nas proximidades da cidade alagoana de Piaçabuçu. Ao longo do seu curso, o rio banha municípios dos estados de Minas Gerais , Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Já a bacia do rio inclui, além dos estados citados, o Estado de Goiás e o Distrito Federal.
Esses estados citados constituem a Bacia do São Francisco , que é a terceira bacia hidrográfica do Brasil com relação a área e é a única totalmente brasileira.
A Bacia do São Francisco tem uma superfície de aproximadamente 640 mil quilômetros quadrados,
habitada por cerca de 15,5 milhões de pessoas, distribuídas por 503 municípios. dessa área, 36,8% estão na região Sudeste (Minas Gerais), 62,5% nos estados nordestinos e apenas 0,7% na região Centro-Oeste (Goiás e Distrito Federal). Dentre as sete unidades da Federação, a Bahia é a que possui maior área compreendida da Bacia.
O Rio São Francisco possui 36 afluentes de porte significativo, dos quais, apenas 19 são perenes. Ou seja, cursos de água cujo leito menor está sempre transportando o deflúvio da bacia contribuinte.
Os principais tributários são, pela margem direita, os Rios Paraopeba, das Velhas, Jequitaí e Verde Grande e, pela margem esquerda, os Rios Paracutu, Urucuia, Carinhanha, Corrente e Grande. Na maioria das vezes os afluentes que nascem nos terrenos cristalinos da margem direita, possuem águas mais claras, enquanto os da margem esquerda, vindos de terrenos sedimentares são mais barrentos.
1.1 MATA CILIAR
As matas ciliares têm importante papel retentivo do terreno arenoso marginal do rio dificultando seu descimento para o leito. A limpeza das margens e das vizinhanças do rio, para a instalação de lavouras, pastagens, hotéis pesqueiros e deques de pesca, situações essas que contribuem fortemente para o assoreamento. No passado quando usávamos o vapor de trem este por sua vez regido a lenha, provocou vasta destruição da vegetação vizinha ao rio.
Outro fato interessante , foi que décadas atrás, existia usinas de geração de energia elétrica que, necessitavam de lenha como combustível, utilizando assim, da mata ciliar ainda nativa naquela época.
Na maior parte do São Francisco, as matas ciliares simplesmente não existem mais. Vêem-se apenas
árvores esparsas que foram deixadas nas margens do rio, formando uma estreita faixa que não foi
desmatada por razões operacionais. Ainda observam-se restos de mata nativa em locais aos quais o agricultor não teve acesso, como os grotões e o topo dos morros. Nas regiões dos lagos de Três Marias e de Sobradinho, o problema é especialmente grave. Pois, a redução do volume de água tem provocado o aparecimento de uma larga faixa de lama marginal ao lago, onde se extinguiu a vegetação.
Desse modo, o rio vem pedindo revitalização desde a década de 90, onde a questão maior é levar águas do rio para outro lugar, enquanto que, o mesmo morre a cada dia.
É preciso rever até que ponto esse projeto de canalização vai favorecer e em que nível irá prejudicar a saúde do rio? Para assim por em prática as obras, seguir com o intuito de levar água para quem necessita.
Em 1997, a situação do rio já era considerada grave, o Conselho Mundial de Água que trabalha com rios Internacionais cruzando mais de um país, teve que passar a monitorar o São Francisco, mesmo com o rio sendo totalmente brasileiro.
2- REGIÕES FISIOGRÁFICAS DO SÃO FRANCISCO
A Bacia do São Francisco pode ser esquematicamente dividida, do ponto de vista físico, a partir de diversos critérios. No final da década de 50 do século XX, ou seja, bem antes da construção das barragens contemporâneas. Após a construção das represas de Três Marias, Sobradinho, Paulo Afonso, Xingó, Apolônio Sales e Itaparica, que alteram significativamente o perfil geográfico do rio, a divisão mais comum das regiões fisiográficas se dá, da seguinte forma: Alto são Francisco, Médio São Francisco, Submédio São Francisco, Baixo São Francisco, Trecho superior, Trecho médio, Trecho inferior.
O Alto são Francisco, estende-se da nascente até a cidade mineira de Pirapora, abrangendo as sub-
bacias dos Rios das Velhas, Pará, Indaiá, Abaeté e Jequitaí. O divisor do sul está na Serra da Canastra,
a leste na Serra do Espinhaço e a oeste na Serra na Serra Geral de Goiás. Essa região está inteiramente
contida no Estado de Minas Gerais. A topografia é ligeiramente acidentada, com serras e terrenos
ondulados e altitudes de 600 a 1.600 metros. A vegetação nessa região é de florestas e cerrados, o
índice pluviômetro é alto e a temperatura amena anual de 23ºC.
Ela é classificada como tropical úmida e, em algumas partes, temperada. As principais cidades são as
integrantes da Região Metropolitana de Belo Horizonte e Patos de Minas. No Alto São Francisco está a
represa de Três Marias.
O Médio São Francisco, compreende o trecho entre Pirapora e a cidade baiana de Remanso, incluindo as sub-bacias dos afluentes Paracutu, Urucuia, Carinhanha, Corrente, Verde de Grande, Parnamirim, Pilão Arcado e Jacaré. O divisor a leste é a chapada Diamantina. A oeste, a divisão se faz pela Serra Geral de Goiás e no Distrito Federal. A topografia é caracterizada pelas planícies da Depressão São Franciscana, com altitudes que variam entre 500 e 2.000 metros. A vegetação é do tipo cerrado e caatinga, sendo salvo algumas pequenas matas serranas. A margem esquerda da bacia é mais úmida, com rios permanentes e vegetação perenifólia, na margem direita a precipitação é menor, com rios intermitentes e vegetação típica de caatinga. A temperatura média anual é de 24ºC. As condições físicas permitem caracterizar a região com tropical semi- árida. As principais cidades são: Montes Claros e Januária, em Minas Gerais; Formosa, em Goiás; Barreiras, Guanambi, Irecê e Bom Jesus da Lapa, na Bahia; e Brasília, no Distrito Federal.
O Submédio São Francisco, estende-se de Remanso até a cidade baiana de Paulo Afonso, incluindo as sub-bacias dos Rios Pajeú, Tourão, Vargem e Moxotó. É limitada no norte pela chapada do Araripe e pela Serra dos Cariris e ao sul pelo Raso da Catarina, abrangendo áreas dos estados da Bahia e de Pernambuco. A topografia é ondulada, com vales muito abertos e altitudes entre 200 e 800 metros. A caatinga predomina toda a região, que tem baixa pluviosidade e temperatura média de 27ºC, permitindo caracterizá-la como semi- árida. As principais cidades são: Juazeiro e Paulo Afonso, na Bahia ; e Petrolina, Ouricuri e Serra Talhada, em Pernambuco. No Submédio estão as represas de Sobradinho, Paulo Afonso e Itaparica.
O Baixo São Francisco, estende-se de Paulo Afonso à foz, englobando as sub-bacias dos Rios
Ipanema e Capivara. Situa-se em áreas dos Estados da Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. São
características as serras, o canyon, os tabuleiros e a planície costeira. As altitudes entre oi nível do mar e 200 metros, embora, algumas serras atinjam 500 metros. A vegetação é de dois tipos; caatinga e mata.
A temperatura anual é de 25ºC e a região é caracteristicamente semi-úmida. As suas principais cidades são: Jeremoabo, na Bahia; Pesqueira em Pernambuco. No Baixo São Francisco está a represa de Xingo.
O Trecho superior, compreende a região limitada pala nascente e pela cidade de Pirapora. Nessa zona os dois rios se encontram o Guaicuí , distrito de Várzea da Palma.
O Trecho médio, segue de Pirapora até a cidade Baiana de Juazeiro.
O Trecho inferior, abrange a região compreendida entre Juazeiro e a foz.
3- CANALIZAÇÃO DO SÃO FRANCISCO
Foi a partir da necessidade de “garantir água” para 12 milhões de pessoas que moram no semi-árido brasileiro que fez o Governo federal investir numa grande ação de desenvolvimento sustentável para todo o nordeste.
Seria o ideal, contudo, a principal obra é um grande empreendimento de infra- estrutura hídrica, que levará uma parte da água do são Francisco para abastecer um sistema de açudes , adutoras e rios do Nordeste Setentrional (parte do semi-árido ao norte do rio São Francisco), a área que mais sofre os efeitos de secas prolongadas, abrangendo parcialmente os Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. A integração da bacia do rio São Francisco com bacias dos rios intermitentes do Nordeste setentrional vai permitir o desenvolvimento sustentável desta região continuamente assolada pela seca.
As obras de integração das bacias estão no topo da lista de prioridades dos investimentos do Governo Federal; foram incluídas no plano de Aceleração do Crescimento (PAC), com dotação de R$ 4,8 bilhões, de 2007 a 2010.
Bem, seria extremamente maravilhoso se tudo isso fosse realmente no intuito de levar água para quem necessita, é aí que mora a questão, quem será realmente beneficiado com essas águas? Por onde essas águas irão passar, que terras irão molhar? É por isso que esse assunto gera muita polêmica. Os ribeirinhos se preocupam com a situação do rio, e mesmo precisando dessa água nasce o medo, de poder perder o rio de vez. Pois, sabe-se que rio é vida, e como toda vida, essa também um dia irá morrer.
É preciso que haja uma revitalização em todo o rio, para poder levar esse projeto de canalização em frente.
REFERÊNCIAS
NACIONAL .M.I. : São Francisco Sustentável. In; Secretaria de Comunicação Social da Presidência
da Republica, Março de 2008.
CINFRON. R. Rio Pede Revitalização desde 1990. Aracajú, 14 de Maio de 2001. Conselho Mundial de Água.
"É preciso explicar por que o mundo de hoje, que é horrivel, é apenas UM momento do longo desenvolvimento histórico, que a esperança sempre foi uma das forças dominantes das revoluções e das insurreições e eu ainda sintu-a como minha concepção de FUTURO. JEAN PAUL SARTRE,1963, Prefácio de "Os condenados da Terra" de Frantz Fanon.
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adorei aquele joginho de peixes la no inicio da pagina e tambem do textos
ResponderExcluiroi sou eu de novo dexa eu fazer uma pergunta so eu visitei essa pagina e deixei um comentario
ResponderExcluirkkkkk pode ser que sim!
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