sábado, 29 de janeiro de 2011

DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO SUBSOLO NORDESTINO (II Simpósio de Geografia Física do Nordeste- 2008)

DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO SUBSOLO NORDESTINO (II Simpósio de Geografia Física do Nordeste- 2008)



DAIANNA PEREIRA SILVA;
GELZA ARAUJO LACERDA;
SAMARA DE SOUZA SILVA

Em termos geológicos a região nordestina é constituída por duas estruturas básicas: o embasamento cristalino representado por 70% da região semi-árida, e as bacias sedimentares. Essas estruturas têm fundamental importância na disponibilidade de água, principalmente as de subsolo. Em se tratando do embasamento cristalino, só existe duas possibilidades de água no subsolo; nas fraturas das rochas e nos aluviões perto de rios e riachos.
As águas que ficam em contato com esse tipo de estruturas, se mineralizam rapidamente tornando-se salinizadas, devido á facilidade de escorrimento superficial e a baixa capacidade de infiltração da água no sub-solo, por conta dessas características foi possível à construção de um numero expressivo de açudes e barragens, estimadas em cerca de 80 mil que represam aproximadamente 30 bilhões de m³ de água. Isso significa a maior reserva de água artificialmente acumulada na região semi-árida do mundo.
Com relação às bacias sedimentares, essas são possuidoras de um significativo volume de água, mas todas estão localizadas de forma espaça no nordeste, com seu volume distribuído desigualmente. Para se ter uma idéia dessa problemática estima-se que 70% do volume de água do subsolo, esteja localizado na bacia sedimentar do Piauí /Maranhão.
Em termos quantitativos calcula-se no embasamento cristalino o potencial de apenas 80Km³/ano,
enquanto nas regiões sedimentares esse volume pode chegar á valores maiores como, os existentes nas seguintes bacias: São Luiz /Barreirinhas com 250Km³ano, Maranhão com 17500Km³/ano entre outras.
Desse modo essas características geológicas á cima, tem influencia marcante nas quantidades hídricas exploráveis da região nordeste.
Portanto, apesar do nordeste enfrentar dificuldade por falta de água, o mesmo têm grande capacidade de armazenamento de água no subsolo, que ocorrem com a filtração nas rochas cristalinas e nos aluviões que se acumulam em grande quantidade no interior dos subsolos, sendo uma riqueza ainda não tão explorada no semi-árido brasileiro, podendo ajudar os habitantes no período da estiagem.

Palavras- chave: subsolo,semi-árido, embasamento cristalino,bacia sedimentar.

1-DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NO SUBSOLO NORDESTINO


O nordeste do Brasil é constituído por nove estados: Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, e Bahia. Sendo representado por 18,3% de todo território
brasileiro. É uma região caracterizada fundamentalmente, pela ocorrência do bioma da caatinga, que deu origem ao sertão. O sertão nordestino apresenta clima seco e quente, com chuvas que se
concentram nas estações de verão e outono. O semi-árido nordestino sofre uma influencia direta de várias massas de ar (a Equatorial Atlântica, a Equatorial Continental, a Polar e as Tépidas Atlântica e Calaarina), tais massas interferem no clima, pois, adentram o interior do Nordeste com pouca energia, tornando extremamente variáveis não só o volume das precipitações caídas, mais, principalmente, os intervalos entre as chuvas.
No semi-árido chove pouco, as precipitações variam de 500 e 800mm, havendo, no entanto, bolsões
significativos de 400mm. Por chover tão pouco á espera da chuva se torna uma loteria, e o que
caracteriza o clima seco não é o baixo volume de chuvas caídas, e sim, sua distribuição no espaço.
A questão da água no subsolo, preocupa pois, 70% do semi-árido encontra-se sobre um
embasamento cristalino, onde, as únicas possibilidades de acesso à água ocorrem através de fraturas nas rochas cristalinas e nos aluviões, que são sedimentos arrastados e depositados perto de rios e riachos ao longo do tempo. A distribuição de água no subsolo se dá em duas vertentes estruturais, no embasamento cristalino e nas bacias sedimentares.

1.1 MAPEAMENTO E QUALIDADE DA ÁGUA NO SUBSOLO NORDESTINO

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), revelou um mapeamento, caracterizando
os recursos hídricos do Nordeste brasileiro, onde, os primeiros estudos mostram que, alguns estados foram retratados como: Paraíba e Rio Grande do Norte, onde o mesmo estudo traz informações sobre a localização dos sistemas aqüíferos subterrâneos, que são, rochas capazes de armazenar água no subsolo.
O geólogo do (IBGE) Sidney Ribeiro revelou que o estado do Rio Grande do Norte tem um
armazenamento de água potável significativo na região litorânea, já se afastando do litoral á água se encontra com um teor elevado de salinização. Para isso, ela precisa passar por um processo de dessalinização, para depois poder ser consumida ou utilizada na agricultura.
O mapeamento da região Paraibana, mostrou que a mesma, encontra-se em uma condição ainda
mais crítica. Porque o local onde se armazena água de melhor qualidade fica na região litorânea ou se afastando para o interior, onde só retêm água nos períodos de grandes chuvas. E como chove
pouco e essa chuva é irregular durante o ano, se torna uma situação crítica, tudo que se refere ao consumo de água.

1.2 EMBASAMENTO CRISTALINO

No embasamento cristalino, os solos geralmente são rasos, cerca de 0,60m apresentando baixa
capacidade de infiltração , gerando um alto escorrimento superficial e uma reduzida drenagem
natural. E a pequena quantidade de água que consegue se armazenar, é levada para o fundo através
das fraturas das rochas ou através dos aluviões.
Em termos volumétricos, é possível estimar que o potencial de água/ano no embasamento cristalino
seja de apenas 80 km³. Os aqüíferos dessa área caracterizam-se pela forma desigual de
armazenamento. Essa água é armazenada em fraturas ou fendas nas rochas, chamadas de aqüífero
fissural e quando armazenadas em solos aluviais é chamada de aluvião. Formando pequenos
reservatórios com uma qualidade não muito boa, sujeitos à exaustão devido à evaporação e aos
constantes bombeamentos realizados.
As águas que são exploradas em fendas de rochas cristalinas são em sua maioria de qualidade
inferior, normalmente servindo apenas para o consumo animal, mesmo sendo de péssima qualidade
às vezes atendem ao consumo humano. Desse modo, as águas que tem contato com esse tipo de substrato se mineralizam com muita facilidade, tornando-as salinizadas. São águas cloretadas , que servem para irrigação de acordo com as normas internacionais de RIVERSIDE, com níveis acima
de C3S3 e que apresentam, normalmente resíduos secos médios da ordem de 1.924,0 mg/l (média
geométrica obtida através da análise de 1.600 poços fissurais escavados no estado de Pernambuco)
com valor máximo de 31.700 mg/l.
Esses poços possuem uma vazão muito baixa, com valores médios de 1.000 litros/h.

1.3 BACIAS SEDIMENTARES

Nas bacias sedimentares, os solos geralmente são profundos. Sendo superiores a 2 metros, podendo ultrapassar 6 metros com alta capacidade de infiltração, pois, tem um baixo escorrimento superficial e uma boa drenagem natural. Ou seja, a água das chuvas que conseguem chegar ao solo, e vencer o fator natural de evaporação, por passar por uma espécie de funil natural, chega ao subsolo com uma qualidade inigualável.
E essas características possibilitam a existência de um grande suprimento de água no lençol freático que, por está a níveis tão profundos da superfície do solo, está água que chega nesse nível está totalmente protegida da evaporação.

Apesar das bacias serem possuidoras de um significativo volume de água no subsolo, a mesma
estão localizadas de forma esparsas no Nordeste, verdadeiras ilhas distribuídas de desordenadamente no litoral e no interior da região, com seus volumes distribuídos de forma
desigual. Um exemplo de tal problemática é que estima-se que 70% do volume de água no subsolo
Nordestino estejam localizadas nas bacias do Piauí e do Maranhão.

2- O RELEVO DO SERTÃO

Relevo é um conjunto de desnivelamentos da superfície do globo. Onde o mesmo é o resultado da
atuação de dois grupos de forças que podem ser sucessivas ou simultâneas: endógenas (dobras, falhas, mantos de charriage, vulcões, terremotos) e exógenas (desgastes e acumulação).
O relevo do sertão é marcado pela presença de depressões interplanálticas transformadas em
verdadeiras planícies de erosão, devido a grande extensão dos pediplanos secos bem conservados.
Embora tendo sofrido um processo de erosão, os solos são em geral pedregosos, e pouco profundos.
Há diversos tipos de no sertão, mas, os principais são: o Bruno-não- cálcico, os planossolos, os solos litólicos e os regossolos, todos esses inadequados para uma agricultura convencional.
Contudo, ocorrem também, vários tipos de solo com tendência agrícola. A caatinga por exemplo é uma vegetação xerófita aberta de aspecto agressivo devido à abundância de cactáceas colunares e, também, pela freqüência dos arbustos e árvores com espinhos, características do relevo que distingue fisionomicamente essa região. Porém encontram-se encravadas nessa extensa região, áreas privilegiadas por chuvas orográficas, ou seja, causadas pela presença de serras e outras elevações topográficas, que contribuem para existência de matas úmidas, sendo conhecidas como brejos.

3- ARMAZENAMENTOS SUBTERRÂNEOS

A água subterrânea é a água da chuva infiltrada que fica armazenada no subsolo, nos espaços vazios de solos e rochas, formando os aqüíferos, eles ao reterem as águas das chuvas, onde desempenham papel fundamental no controle das cheias, ajudam as águas encontrando proteção natural contra agentes poluidores ou perdas por evaporação.
O aqüífero possui uma importância estratégica, no que se refere as funções ainda pouco exploradas,
algumas delas como: produção, armazenamento, transporte, regularização, filtragem e auto-depuração, além da função energética, quando as águas saem naturalmente quentes do subsolo.
A água subterrânea corresponde à parcela mais lenta do ciclo hidrológico e constitui a principal reserva de água, ocorrendo em volumes muito superiores aos da superfície. As águas das chuvas que se infiltram no subsolo e migra continuamente em direção às nascentes, leitos de rios, lagos e oceanos, acabam ficando livres da contaminação, se tornando algo pouco explorado e de um imenso valor nutritivo.
Apesar de ser pouco utilizada, a água dos armazenamentos subterrâneos estão se expandindo para
novos rumos como por exemplo: abastecimento, irrigação, calefação, balneoterapia, engarrafamento de águas minerais e potáveis de mesa e outros. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE (Recursos Naturais e Meio Ambiente, 1998) estima-se que 51% do suprimento de água potável seja originado do recurso hídrico subterrâneo.

3.1 AÇUDES

O semi-árido é um ecossistema muito quente, tão quente que a chuva se evapora antes mesmo de
chegar ao solo. Estudos feitos na região nordeste com 90 açudes demonstraram que cerca de 75% da
água são perdidas dessa forma, restando apenas 25% para o abastecimento humano. Pouco ou nada
sobra para as atividades produtivas. Ou seja, para cada metro cúbico disponível, perdem-se três metros cúbicos de água com a evaporação. O custo é enorme, porque é preciso guardar quatro para, no final, usar apenas um metro cúbico de água. A intermitência dos rios do Nordeste Setentrional é decorrente dos baixos índices de chuvas - em média, de 600 mm anuais, contra mais de 1.900 mm na região Sudeste - e da concentração desses volumes em dois ou três meses do ano.
Pesquisas constatam que no século XX, foram registrados 25 anos com secas, resultando em uma
probabilidade de 25% de um ano qualquer ser seco e um intervalo médio de quatro anos, entre anos
com seca. Os mesmo valores seriam obtidos se fossem considerados os séculos XIX e XX. Os
números revelam que o fenômeno da seca é relativamente comum e ocorreu historicamente com uma
freqüência de 25% em qualquer ano. No Polígono das Secas - que abrange oito Estados nordestinos,
além de parte do norte de Minas Gerais -, a probabilidade de seca sobe para 80% em razão do solo do tipo cristalino, caracterizado pela baixa absorção de água. As águas subterrâneas têm grande alcance social pois os poços, quando bem construídos e protegidos, garantem a saúde da população.

3.2 TIPOS DE POÇOS

Toda perfuração através da qual obtemos água de um aqüífero é, genericamente, denominada de poço. São varias as classificações da nomenclatura “poço”, dentre elas é possível destacar: poços rasos e poços profundos. Os poços rasos se dividem em escavado, ponteiras cravadas, trados e radial.
O escavado é a mais antiga forma de exploração da água subterrânea, estando presente em civilizações muito antigas. São poços cilíndricos, abertos manualmente, com o uso de picareta e pá. Às vezes são usados fogachos (pólvora) para romper blocos de rocha mais resistentes. Entretanto, este expediente é desaconselhável em virtude do perigo que acarreta, sendo proibido por lei a pessoas não autorizadas a lidar com explosivos. Poço escavado é o tipo mais utilizado pela população rural brasileira e, recebe nomes distintos, dependendo da região: cisterna, cacimba, cacimbão, poço amazonas, poço caipira, ou simplesmente poço. Só podem ser escavados em material não muito resistentes, geralmente solo e depósitos sedimentares pouco consolidadas. Certos arenitos friáveis podem ser escavados manualmente.
As ponteiras cravadas são hastes perfuradas, revestida por tela, com terminação cônica e que é
cravada no terreno, através da qual pode-se retirar água com bomba de sucção. Muito popular, só
funciona em aqüíferos muito rasos. Muito usadas em obras de engenharia civil para o rebaixamento do lençol freático.
O poço a trado é um poço que necessita do uso de uma ferramenta chamada de trado, daí o nome poço a trado. E essa ferramenta é composta por é uma caçamba cilíndrica, com aberturas laterais cortantes, rosqueada a uma haste de ferro terminada em T e que penetra no solo através de movimentos giratórios, realizados por um operário (trado manual) ou por um motor (trado mecânico). O poço é perfurado lentamente, pois após algumas voltas o operador tem que levantar a ferramenta para retirar o solo preso na caçamba. À medida que a profundidade aumenta são acrescentados novos segmentos de cano galvanizado na haste, que se tornará, portanto mais pesada.

REFERÊNCIAS

SUASSUNA .J. Distribuição de água no subsolo Nordestino. In: SEMI-ÁRIDO: proposta de
convivência com a seca,1.,2007, São Paulo. Anais eletrônicos. Disponível
em:http://www.miniweb.com.br/geografia/artigos/geologia.Acesso em: 8 out.2008

LEITÃO .T. Qualidade da água no subsolo do Nordeste. In: mapeamento inédito do subsolo do
Nordeste, 10.,2007, São Paulo. Anais eletrônicos. Disponível em:http://www.agenciabrasil.gov.br.
Acesso em: 9 out.2008.

Secretaria de Recursos Hidricos. Brasília DF. Acesso em: 8 out.2008.

Agencia Nacional de Águas ANA. Acesso em: 9 out.2008.

Instituto ciências hoje

11 comentários:

  1. Como identificar o local exato de perfuração de um poço?

    ResponderExcluir
  2. Clique no link e assine a Petição. Ajude também reenviando aos seus contatos! Obrigado.

    http://www.avaaz.org/po/petition/AGUA_PARA_O_NORDESTE_BRASILEIRO/?cTIRYab

    ResponderExcluir
  3. Gostaria de conversar com algum responsável por essa postagem, a matéria é ótima! Acredito que essa pesquisa pode ajudar a fundamentar um projeto que esta para sair do papel.

    Aguardo contato.
    ramonradaghast@gmail.com

    ResponderExcluir
  4. Respostas
    1. Pois leia, ler é muito bom para enriquecer nosso conhecimento sobre um determinado tema!
      Obrigada!

      Excluir
  5. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  6. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  7. Mas o estado do Maranhão não e região nordeste, é região norte,não gera um erro no artigo?

    ResponderExcluir
  8. Olá, você ainda possui esse cd com os anais do evento?

    ResponderExcluir

Obrigada por dividir seu conhecimento conosco!

Ponta do Seixas 2008

Ponta do Seixas 2008

Salvar o mundo!

Salvar o mundo!