sábado, 29 de janeiro de 2011

A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO E SEUS ASPECTOS (II Simpósio de Geografia Física do Nordeste- 2008)

A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO E SEUS ASPECTOS



Gelza Araujo Lacerda;
Maria Teresa neto;
Vagner da Cunha Lima

RESUMO:

A grande quantidade de informações veiculadas nos meios de comunicação, ora à favor,
ora contra a transposição causa uma confusão no entendimento das populações envolvidas pelo projeto que ficam sem saber em quem acreditar. Os encontros para debates e estudos sérios a cerca do assunto, ficam restritos ao mundo acadêmico, com algumas poucas publicações oficiais. É necessário esclarecer de fato quais os reais problemas enfrentados pelo projeto, suas vantagens e possíveis conseqüências deixando de lado termos técnicos de difícil compreensão, principalmente por parte das comunidades que vivem da agricultura e pesca. Dessa forma este trabalho tenta mostrar com uma
linguagem clara e simples, os reais desafios do projeto de transposição, o que as comunidades
ribeirinhas podem ganhar com ele, e os possíveis problemas que podem sofrer no futuro. Foi deixado de lado dados numéricos difíceis de serem mensurados devido a grandiosidade do rio. Bem como foi mostrado os dois pontos de vista discordantes e suas fundamentações. Tentando dessa forma não produzir apenas uma opinião, más possibilitar a quem lê formar uma opinião a partir de sua própria consciência.

Palavras-chave: Entendimento, transposição, problemas, esclarecer.

II SIMPÓSIO DE GEOGRAFIA FÍSICA DO NORDESTE: sustentabilidade e meio ambiente no nordeste brasileiro

1- A TRANSPOSIÇÃO DO RIO SÃO FRANCISCO E SEUS ASPECTOS POSITIVOS E NEGATIVOS

Várias questões que envolvem a transposição do rio São Francisco geram discordâncias entre técnicos, ambientalistas e populações ribeirinhas. Alguns afirmam que o rio não dura mais que 50 anos. Há aqueles que não apóiam a transposição por achar que ela só beneficiará o agronegócio nas regiões de destino dos canais, aumentando as desigualdades sociais já absurdas no nordeste brasileiro. E há aqueles que pensam exatamente o contrário.
O temor dos que se opõem ao projeto se justifica, pelo fato dos governos do Brasil não terem a cultura de planejar para demandas futuras, deixando para tomar providências quase sempre quando a situação é de calamidade. Sendo, de certa forma, comandados pelas necessidades inadiáveis. Esse temor se justifica, pelo fato dos administradores públicos já saberem das reais e já antigas necessidades da bacia do São Francisco, que há algumas décadas vem dando sinais de desgaste, pela agressividade com que se derrubam as matas em suas margens e o conseqüente assoreamento, sem falar na poluição causada pelo despejo irresponsável de esgoto não tratado em seu leito, e pelo uso indiscriminado de agrotóxicos que vem contaminando os solos e os mananciais há décadas. Levando em consideração tudo isso, as populações ribeirinhas, têm todo o direito de duvidar da eficiência, planejamento, execução, e principalmente da manutenção e cumprimento do plano de revitalização, que vem como um “anexo” à transposição, quando deveria ser o principal objetivo a ser alcançado, para só então, se pensar em dividir águas com regiões, que historicamente têm dificuldades em administrar seus recursos hídricos, pelos mesmos motivos que as populações banhadas pelo grande rio. Que é a falta de conscientização da população, planejamento e cuidado no uso racional da água por parte das cidades banhadas pelo rio. E não é só isso, quem garante que uma instituição séria e comprometida com o desenvolvimento sustentável irá administrar os canais? Ou quem garante que a água será distribuída de forma imparcial, justa, sem se levar em conta as disputas regionais e os redutos eleitorais de políticos acostumados a usarem a escassez e a distribuição de água em carro-pipa como cabresto? Como têm acontecido em muitas localidades próximas ao Velho Chico? É necessário que esse projeto tenha continuidade, abastecendo reservatórios, privilegiando as comunidades que realmente sofrem nos períodos de estiagem com escassez no abastecimento humano. Pois foi esse o grande problema que comoveu governos e idealizadores do projeto que se sensibilizaram com essa situação desde o império até os dias de hoje. Se a transposição se desviar da sua missão histórica, ela será lembrada, sem dúvida, como mais um grande empreendimento com dinheiro público que irá gerar alguns empregos, mas principalmente por aumentar ainda mais as desigualdades sociais do Nordeste brasileiro.
Além de toda essa desconfiança, as comunidades ribeirinhas já não sabem em quem acreditar. Devido à grande quantidade de informações técnicas que são lançadas na mídia, ora a favor, ora contra a transposição. Essa confusão acabou por disseminar ideais equivocadas, como a de que o rio poderia secar após a transposição, o que não é verdade, já que técnicos e estudiosos do assunto, tanto contra quanto à favor, são unânimes em desmentir essa afirmação. Outros estão crentes que o projeto só é viável mediante interligação com bacias da região centro-oeste. O que também não é verdade, tendo em vista que estudos revelam que o rio possui vazão suficiente para o projeto. Com uma ressalva apenas para a diminuição da capacidade de geração de energia das hidrelétricas , esse é um dos poucos impactos matematicamente comprovados para as regiões doadoras de águas. Porém, essas informações parecem não chegar a todas as comunidades envolvidas.




Por esses motivos as populações acabam por ficarem sem saber tomar um posicionamento consciente nessas questões que envolve suas próprias vidas.
No outro extremo dessas discussões estão as populações do nordeste setentrional, ansiosas por ver seus rios e açudes alimentados com as águas do São Francisco.
Considerando e respeitando todos os pontos de vista, podemos dizer que num ponto todos concordam, o rio precisa urgentemente de uma revitalização, que não acontecerá de um dia para o outro. A revitalização aparece então como remédio para viabilizar o projeto, fazendo com que parte da população, que outrora eram contra, agora se mostrem à favor, desde que seja feita a recuperação das matas ciliares e até uma interligação entre bacias.
Todos também concordam que o rio promove desenvolvimento por todas as cidades por onde passa.
Por que água em abundância promove vida abundante. E é claro, que em todos esses lugares o rio é
utilizado em menor ou maior escala pela agricultura de subsistência e no agronegócio. E quem ganha mais com isso? Certamente, ninguém discorda que as classes mais abastadas se beneficiam mais, ganham mais dinheiro que as outras. E isso é fácil de entender, pois estamos vivendo o modelo capitalista numa sociedade capitalista. Onde quem tem mais ganha mais, é a lógica matemática capitalista, onde todos ganham direta ou indiretamente. Alguns aspectos devem ser considerados pelas comunidades ribeirinhas que se esquecem que os empresários investindo seu capital, promovem desenvolvimento e geração de emprego, fazendo com que as cidades cresçam e se desenvolvam em todos os aspectos.
Analisemos a situação das cidades de Juazeiro e Petrolina, com seus projetos de irrigação exportando frutas para o mundo, transformando a região num pólo universitário com várias faculdades estadual, federal e particular, bem como cursos técnicos profissionalizantes. Essas cidades com seu comércio aquecido, não para de atrair investimentos para região, gerando cada vez mais empregos. Agora pense o que seria dessa região sem o Velho Chico? Certamente Juazeiro seria mais uma cidadezinha pacata e subdesenvolvida do interior da Bahia. Porém se perguntarmos a um ribeirinho assalariado quanto dinheiro ele ganha com o rio, ele possivelmente responderá, “nada”, o que não é verdade, todos dependem do rio, tanto o empresário do agonegócio quanto o do ramo de confecções, bem como, o assalariado. Essa falta de entendimento causa uma confusão na opinião das comunidades ribeirinhas, fazendo com que estas não reconheçam seu real papel no contexto. Considerando que as águas do rio, ao chegar no nordeste setrentional e seco promoverá desenvolvimento e geração de empregos, fazendo com que aquelas pessoas que lá moram não precisem sair de suas regiões nem abandonar suas terras para vir morar nas periferias e favelas de cidades industrializadas, diminuindo dessa forma a oferta de mão de obra desqualificada nessas regiões, esse fenômeno pode valorizar o trabalhador local, melhorando sua qualidade de vida. Isso faz pensar, se não vale à pena lutar por uma transposição que seja capaz não só de levar água para matar a sede de pessoas e animais, más também de promover desenvolvimento social fortalecendo e aumentando os laços entre essas regiões. Cumprindo, assim, com aquela que parece ser a vocação do Rio da Integração. Outro aspecto positivo é o fato de que as cidades que serão banhadas pelo rio, vão engrossar as fileiras dos defensores dele. Talvez essas comunidades se tornem as mais fervorosas defensoras do nosso rio, pelo fato de não quererem perdê-lo e voltarem ao seu estado inicial.




Analisando desse ponto de vista, deve-se perguntar por que se deve impedir que isso aconteça com
nossos irmãos nordestinos que padecem necessidades básicas por falta de investimentos? Se tivéssemos a certeza de que o rio morreria por causa da transposição, justificaria ficar contra o projeto. É bom lembrar que, a idéia de que o rio pode morrer por causa do desvio de águas, foi precipitadamente disseminada nas comunidades ribeirinhas. Más isso não vai acontecer como já é sabido de todos, pois, a quantidade de água a ser levada para o norte não causará déficit significativo para o abastecimento de água, más provavelmente para o abastecimento de energia, segundo especialistas. A vontade de se transportar águas do São Francisco é antiga, pois o problema de má distribuição das águas na região sempre foi e sempre será o mesmo. O sertão vai continuar a impor suas condições, e ser o que é independente do que se faça. Isso devido a sua localização geográfica, relevo e características próprias só encontradas aqui. O problema da seca é comovente, desde sempre, e o nosso rio e suas águas abundantes alimentou a esperança de governos e intelectuais bem intencionados desde o século IXX com D. Pedro II, passando pelos governos civis e militares, chegando até os dias atuais. Porém, estamos vivendo um momento histórico, pois após décadas o Brasil possui recursos financeiro, conhecimento tecnológico, e vontade política, fatores estes que faltaram a todos os idealizadores desse projeto. O Nordeste brasileiro esperou séculos por este momento. E não parece justo deixar de atender
a essa aspiração pelo fato de termos degradado as margens e comprometido a saúde do rio. Os nossos irmão do norte devem esperar por mais quanto tempo? O fato de o rio está necessitando urgentemente de uma revitalização é de inteira responsabilidades das comunidades que hoje são banhadas pelas suas águas. Nossos irmão do nordeste setentrional não devem pagar pelos erros de outros nem com recursos financeiros já parcos por lá muito menos com a espera de mais algumas décadas.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Ministério do Meio Ambiente/Secretaria de Recursos Hídricos. Atlas das áreas
suscetíveis à desertificação do Brasil. Brasília: MMA 2007. CINFRON. R. Rio Pede Revitalização desde 1990. Aracajú, 14 de Maio de 2001

NACIONAL .M.I. : São Francisco Sustentável. In; Secretaria de Comunicação Social da Presidência
da Republica, Março de 2008.

9 comentários:

  1. Poderia se mais RESUMIDO, Obrigada

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  2. Gata, nem tudo pode se explicar em poucas palavras, seja mais inteligente e resuma você mesma. O Texto esta ótimo. Me ajudou bastante.

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  3. O texto é tendencioso e nem um pouco imparcial, isso é comprovado pelas referências bibliográficas: ambas correspondem a documentos do governo, que é totalmente favorável à transposição. Se o texto tem o intuito de mostrar os pontos positivos e negativos da transposição, também seria necessário recorrer à referencias bibliográficas que apontassem um posicionamento contra a transposição.

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    1. Pareceu-me um texto de aluno pouco experiente. Conteúdo faltou um pouco mais de arrumação e orientação. As referências bibliográficas poderiam ter outras fontes. Mesmo assim é corajoso e informa com clareza as idéias.

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    2. Nessa época eu não sabia postar!!!!

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  4. O texto está muito bom, me ajudou bastante

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  5. Boa tarde !! a foto do indígena quem tirou esta foto ?

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Ponta do Seixas 2008

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